Ilan Goldfajn é um candidato apartidário ao BID, diz Meirelles

Guido Mantega, integrante da transição, pediu para que eleição fosse adiada para que o governo eleito escolha um novo nome

O ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, avaliou a confirmação da candidatura de Ilan Goldfajn à presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) positivamente. Em entrevista à CNN Brasil neste sábado (12.nov.2022), o economista elogiou Goldfajn e disse que ele é um candidato apartidário.

O ex-presidente do Banco Central foi indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Há 5 nomes concorrendo ao cargo (leia mais abaixo quem são).

“É um candidato qualificado e está muito bem preparado para representar o Brasil. É um candidato apartidário, e que, portanto, deve ser apoiado, inclusive, pelo governo que está entrando porque é um candidato que representa bem o Brasil”, disse Meirelles.

O BID aceitou a indicação de Goldfajn, apesar do pedido de Guido Mantega, integrante do governo de transição, para adiar a eleição do banco, marcada para 20 de novembro de 2022. Mantega diz ter escutado queixas de autoridades econômicas da América Latina sobre o “encaminhamento” da eleição e a falta de negociação pela candidatura do brasileiro.

Na entrevista, Meirelles classificou o movimento do governo eleito como “inusitado”. Apesar do cenário político, o ex-ministro da Fazenda afirmou que o BID é apartidário e que um eventual mandato de Goldfajn no banco não afetará o repasse e o financiamento de projetos do Brasil.

“Eu nunca vi o BID agir politicamente. O BID não é uma instituição partidária que vai escolher projeto baseado em alinhamento político. O BID é uma instituição de muitas décadas, consolidada, técnica, multilateral e que financia projetos em todos os países sul-americanos, de diferentes conotações políticas”, afirmou.

Eis que são os postulantes à presidência do BID:

  • Cecilia Todesca Bocco (Argentina);
  • Gerardo Johnson (Trinidad e Tobago);
  • Gerardo Esquivel Hernández (México);
  • Ilan Goldfajn (Brasil);
  • Nicolas Eyzaguirre Guzmán (Chile).

Os candidatos passarão por sabatina no domingo (13.nov.2022) em reunião fechada virtual do conselho de governadores do banco. O encontro terá participação de Paulo Guedes, que representará o Brasil.

VOTO PROPORCIONAL

Os integrantes do BID têm poder de voto proporcional ao total de ações de cada um. Os Estados Unidos têm a maior fatia (30%). Argentina e Brasil vêm em seguida (11,4% cada um). Depois estão o México (7,3%), o Japão (5%) e o Canadá (4%).

O vencedor deverá ter a maioria dos votos de acordo com o peso proporcional dos acionistas. Também precisará ter maioria absoluta de votos dos 28 países americanos que integram o BID –nesse caso, com um voto para cada país.

A avaliação do governo brasileiro é que os EUA tendem a apoiar Goldfajn. É a indicação que têm a partir de conversas entre integrantes do 1º escalão dos governos dos EUA e do Brasil sobre o tema. Mas a decisão ainda depende de avaliação cuidadosa da Casa Branca.

O perfil técnico de Goldfajn agrada alguns integrantes do governo dos EUA. Ele é diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI (Fundo Monetário Internacional) desde janeiro de 2022. Não foi uma escolha do governo brasileiro.

Goldfajn foi presidente do BC (Banco Central) no governo de Michel Temer (MDB), de 2016 a 2018. Depois foi economista do Credit Suisse, banco que se posicionou de forma crítica em relação ao governo Bolsonaro. Também conta a favor de Gondfajn a comparação com os outros 4 candidatos. Nenhum tem trajetória tão densa na área de finanças combinando setor privado, setor público e instituições multilaterais.

INDICADO DE TRUMP DEMITIDO

O presidente do BID é eleito para o cargo para mandato de 5 anos. A eleição seria só em 2025 pelo calendário normal. Mas, em setembro de 2022, o então presidente do banco, o norte-americano Mauricio Claver-Carone, foi demitido por violação do código de ética da instituição. Ele se relacionou com uma funcionária e tomou decisões que a beneficiaram.

Claver-Carone foi eleito em setembro de 2020. O então presidente dos EUA, Donald Trump, insistiu no nome. Os presidentes anteriores eram de países que podem tomar empréstimos do banco, o que inclui América Latina e Caribe.




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Fonte: Cariri Mix

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