PEC sem nova âncora fiscal é “semente da crise”, diz economista

Para Solange Srour, economista-chefe do Credit Suisse Brasil, gasto extra deve manter taxa de juros alta em 2023

A economista-chefe do Credit Suisse Brasil, Solange Srour, avaliou que a aprovação de um gasto extra no próximo governo com a PEC fura-teto sem uma nova âncora fiscal pode ser a “semente” de uma nova crise de endividamento no país.

“Independentemente do tamanho da PEC […] até no melhor cenário possível, já desestabiliza a dívida da maneira como está sendo feita, sem a fonte de financiamento. […] E é a semente da crise porque esse ajuste precisa ser feito para a dívida se estabilizar”, disse Srour em entrevista publicada nesta 6ª feira (9.dez.2022) pela coluna Capital, do jornal O Globo

Para a economista, o governo de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deveria ter solicitado o “waiver” (licença para gastar fora do teto) apresentando contrapartidas para justificar o reajuste. “Quando você negocia um ‘waiver’ você tem que trazer pro mercado ao mesmo tempo o futuro”, disse.

Na 4ª feira (7.dez), o Senado aprovou o texto da PEC fura-teto com um impacto fiscal superior a R$ 200 bilhões ao ano. O governo eleito se comprometeu a apresentar uma nova regra para gastar até o final de agosto de 2023, mas não há obrigatoriedade nem sanção caso a promessa não seja cumprida. 

“Antes mesmo da PEC, o Brasil já precisava de um ajuste fiscal da ordem de 2% do PIB. Com a PEC, agora a gente vai precisar de um ajuste de 3,5%, 4%”, avaliou a economista. 

Srour disse também que a sinalização do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos) de que pode começar a reduzir o ritmo de aumento de juros teve impacto positivo no Brasil e atenuou uma recepção mais turbulenta da discussão da PEC pelo mercado. Porém, afirmou que o cenário de otimismo é “apenas conjunturalmente favorável” e não deve durar.

Para ela, a questão deve impossibilitar que o BC (Banco Central) reduza a taxa Selic, que fechará 2022 em 13,75%, durante o próximo ano. “Se vier uma âncora boa e crível em 2023, pode haver queda de juros de 2024”, afirmou.




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Fonte: Cariri Mix

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