O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai dar posse a 37 ministros, 14 a mais do que na gestão do seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). O governo anterior teve 22 ministérios.
Pelo histórico recente, as gestões petistas sempre tiveram mais ministros. Com 37 ministérios, o 3º governo de Lula só fica atrás do 2º governo Dilma (PT), que teve 39 pastas. O 1º governo Lula teve 30 ministérios. O 2º, 32. No 1º mandato, Dilma teve 37 ministros.
O petista terminou de anunciar os últimos nomes para a Esplanada dos Ministérios na 5ª feira (29.dez.2022). O anúncio de Lula foi feito no CCBB, sede do governo de transição.
Com um discurso que exaltou a capacidade das mulheres ao falar da presidência da Caixa Federal e do Banco do Brasil, o chefe do Executivo terá uma “bancada feminina” do 1º escalão composta por 11 mulheres, o que representa menos da metade dos 37 ministérios. Os homens ocuparão 26 ministérios.
Margareth Menezes (Cultura), Nísia Trindade (Saúde), Anielle Franco (Igualdade Racial), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Esther Dweck (Gestão e Inovação), Cida Gonçalves (Mulher), Daniela do Waguinho (Turismo), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Ana Moser (Esporte), Simone Tebet (Planejamento) e Marina Silva (Meio Ambiente) serão as mulheres que chefiarão parte da Esplanada de Lula.
Além disso, os ministérios têm 15 pessoas autodeclaradas brancas, representando 40% da sua composição, enquanto 2 são indígenas e 1o são negros. Outros 10 ministros não declararam raça.
Segundo a classificação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) –em que negro é quem se autodeclaram preto ou pardo–, os ministros negros são: Flávio Dino (Justiça), Rui Costa (Casa Civil), Margareth Menezes, Silvio Almeida (Direitos Humanos), Anielle Franco, Luciana Santos, Carlos Lupi (Previdência Social), Juscelino Filho (Comunicações), Marina Silva e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional).
Em maio, Lula havia falado sobre a criação de um ministério voltado para a igualdade racial. “Eu vou voltar e vou criar o Ministério da Igualdade Racial, o Ministério dos Direitos Humanos. E agora já tem mais um ministério, é o dos Povos Indígenas, que vai ser criado para colocar um índio para ser ministro”, disse o petista.
A média de idade do 1º escalão de Lula é de 55 anos. O mais velho da equipe é o ministro da Defesa, José Múcio, com 74 anos, enquanto a mais jovem é Anielle Franco, com 37 anos.
Quanto ao histórico acadêmico dos ministros, a maior parte é formada em direito. Os demais têm atuação nas áreas de administração, agronomia, atuação, biologia, ciências sociais, diplomacia, economia, engenharia civil, engenharia elétrica, filosofia, história, jornalismo, letras, medicina, música, pedagogia e tecnologia em gestão pública.
Apenas 1 dos indicados, o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Gonçalves Dias, tem formação militar.
Nascido em Garanhuns, no interior do Pernambuco, Lula exaltou a participação do Nordeste durante toda a sua campanha eleitoral. A região, conhecida historicamente por seu apoio ao petista, será representada pelos 12 nordestinos que ocuparão os ministérios. A Esplanada contará ainda com a participação de 14 ministros do Sudeste, 3 do Norte, 3 do Sul e apenas 2 do Centro Oeste.
Eis um infográfico com os ministros do governo Lula:
Conheça os ministros
Abaixo, clique nos nomes dos indicados e conheça o perfil de cada um:
- Geraldo Alckmin – O vice-presidente eleito também será ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Alckmin foi governador do Estado de São Paulo por 4 mandatos. Também foi deputado federal constituinte e prefeito de Pindamonhangaba (SP).
- Fernando Haddad – Será ministro da Fazenda, pasta que será recriada a partir da divisão do atual Ministério da Economia. Haddad é ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação nos governos Lula.
- Flavio Dino – Será ministro da Justiça. Dino é advogado e professor. Foi deputado federal pelo Maranhão em 2007 e governador do Maranhão, de 2015 a 2022.
- Rui Costa – Será ministro da Casa Civil. Rui Costa é economista e governador da Bahia pelo PT desde 2015. Foi deputado federal em 2011 e em 2014.
- José Múcio – Será ministro da Defesa. Múcio é ex-ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), além de ser um político tradicional e habilidoso. Tem histórico conservador, mas foi próximo de Lula ao longo de seu 1º governo. Foi escolhido para ajudar a reconstruir a relação entre as Forças Armadas e o petista.
- Mauro Vieira – Será ministro das Relações Exteriores. Diplomata de carreira, Vieira ocupou o cargo de 2015 a 2016, no governo de Dilma Rousseff (PT). Depois, foi representante permanente do Brasil na ONU (Organização das Nações Unidas). Atualmente, é embaixador do Brasil na Croácia.
- Margareth Menezes – Será ministra da Cultura. Além de cantora e compositora, Margareth também é ex-atriz. É natural de Salvador (BA). Coleciona em sua carreira 10 álbuns gravados e várias indicações ao Grammy Latino. Lançou o 1º álbum em 1988. Foi integrante do grupo de trabalho da Cultura do governo de transição.
- Camilo Santana – Será ministro da Educação. É ex-governador do Ceará e integrou o grupo técnico de Desenvolvimento Regional na equipe de transição.
- Silvio Almeida – Será ministro dos Direitos Humanos. Silvio Almeida é advogado e professor na FGV (Fundação Getúlio Vargas) e na Universidade Presbiteriana Mackenzie. É participante ativo do debate racial e das políticas em favor da diversidade no Brasil.
- Nísia Trindade – Será ministra da Saúde. Nísia é doutora em sociologia e presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Ganhou notoriedade durante a pandemia.
- Luiz Marinho – Será ministro do Trabalho. Marinho vai reassumir a pasta que já comandou de 2005 a 2007. O político é ligado ao movimento sindical dos metalúrgicos do ABC paulista. Foi prefeito de São Bernardo do Campo por 2 mandatos (2009-2017) e é presidente do diretório petista no Estado de São Paulo. Também comandou o Ministério da Previdência Social de 2007 a 2008.
- Márcio Macêdo – Será ministro da Secretaria Geral da Presidência. Macêdo é um dos políticos com a maior confiança de Lula. Foi tesoureiro da campanha presidencial vitoriosa neste ano e é um dos vice-presidentes do PT. Tem 52 anos, é biólogo e foi deputado federal de 2011 a 2015.
- Alexandre Padilha – Será ministro da Secretaria das Relações Institucionais. Padilha foi ministro das Relações Institucionais de 2009 a 2010, no 2º mandato de Lula como presidente. De 2011 a 2014, no governo de Dilma Rousseff, foi ministro da Saúde.
- Anielle Franco – Será ministra da Igualdade Racial. Irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro morta em 2018, a ministra integrou o grupo técnico de Mulheres na transição.
- Wellignton Dias – Será ministro do Desenvolvimento Social. Ex-governador do Piauí e senador eleito, Wellington Dias é um dos petistas nos quais Lula mais confia. Foi um dos principais articuladores da PEC (proposta de emenda à Constituição) que o Congresso Nacional aprovou para permitir ao presidente eleito furar o teto de gastos para cumprir promessas de campanha em 2023.
- Márcio França – Será ministro dos Portos e Aeroportos, pasta que será criada do desmembramento do Ministério da Infraestrutura. Ex-governador de São Paulo, França foi cotado para para assumir o Ministério das Cidades e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
- Jorge Messias – Será ministro da AGU (Advocacia Geral da União). Messias foi subchefe de Assuntos Jurídicos na Casa Civil do governo Dilma Rousseff. Passou ainda pelos Ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação.
- Vinícius Carvalho – Será ministro da CGU (Corregedoria Geral da União). Carvalho é professor no Departamento de Direito Comercial da USP (Universidade de São Paulo). É doutor em direito pela USP. Foi presidente do Cade de 2012 a 2016 e secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça entre 2011 e 2012, na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff.
- Luciana Santos – Será ministra da Ciência, Tecnologia e Inovações. Luciana é vice-governadora de Pernambuco. Foi deputada estadual (1997-2000) e deputada federal (2011-2018) pelo Estado. Comandou a prefeitura de Olinda por 2 mandatos (2001-2008).
- Esther Dweck – Será ministra da Gestão e Inovação. Dweck é professora de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Durante o 1º governo de Dilma Rousseff, foi chefe da assessoria econômica do Ministério de Planejamento e Gestão. De 2015 a 2016, atuou como secretária de Orçamento Federal.
- Cida Gonçalves – Será ministra das Mulheres. É formada em Publicidade e Propaganda e trabalha como consultora em políticas públicas. Na vida pública, foi secretária nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres nos governos Lula e Dilma Rousseff.
- Carlos Fávaro – Será ministro da Agricultura. O congressista também foi um dos principais interlocutores do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), que durante a campanha presidencial teve entre suas missões, a de abrir diálogo com o agronegócio e reduzir resistências em relação à nova administração petista.
- Paulo Pimenta – Será ministro da Secretaria de Comunicação. Pimenta está no 5º mandato como deputado federal, cargo que ocupa desde 2003. É jornalista e técnico agrícola pela UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). É o nome mais poderoso do PT no Rio Grande do Sul. Foi responsável por organizar a campanha presidencial de Lula no Estado.
- Carlos Lupi – Será ministro da Previdência. Lupi é ex-deputado e já foi ministro do Trabalho e Emprego de 2007 a 2011, durante os governos de Lula e Dilma Rousseff.
- André de Paula – Será ministro da Pesca. É deputado por Pernambuco e presidente do PSD no Estado. É formado em direito pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
- Gonçalves Dias – Será ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). O general Marco Antônio Gonçalves Dias está há 36 anos no Exército e atuou na segurança pessoal de Lula durante seus 2 primeiros mandatos (2003-2009). Dias, como é conhecido, também foi chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional no governo de Dilma Rousseff.
- Jader Filho – Será ministro das Cidades. Jader Barbalho Filho é empresário do ramo das comunicações e atualmente é presidente do MDB do Pará. Ele também é filho do senador Jader Barbalho(MDB-PA) e irmão do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB-PA).
- Daniela do Waguinho – Será ministra do Turismo. É a deputada mais votada no Rio de Janeiro. Daniela do Waguinho foi reeleita para seu 2º mandato nas eleições de 2022. Teve pouco mais de 213,7 mil votos.
- Alexandre Silveira – Será ministro de Minas e Energia. Silveira é formado em direito e é senador da República. Além disso, o congressista foi o relator da PEC fura-teto no Senado e ajudou a facilitar a aprovação da proposta na Casa Alta.
- Renan Filho – Será ministro dos Transportes. Renan é economista pela UnB (Universidade de Brasília). Governou Alagoas por 2 mandatos (2015-2022). Antes, havia sido prefeito de Murici (2005-2010) e deputado federal (2011-2015) pelo Estado. Foi eleito senador com 56,92% dos votos válidos. É o filho mais velho do ex-presidente do Senado Renan Calheiros(MDB).
- Juscelino Filho – Será ministro das Comunicações. O deputado federal é um dos nomes do União Brasil que irá fazer parte do governo Lula.
- Paulo Teixeira:
- Sonia Guajajara – Será ministra dos Povos Originários. Guajajara é uma indígena maranhense, coordenadora da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil). É formada em letras e em enfermagem, especialista em educação especial pela Universidade Estadual do Maranhão. Em maio deste ano, entrou na lista das 100 pessoas mais influentes da revista Time.
- Ana Moser – Será ministra do Esporte. Ana Beatriz Moser é medalhista olímpica e mundial. Ela jogou como atleta profissional do vôlei por 15 anos. Como ponteira, fez parte do time que ganhou a 1ª medalha olímpica do vôlei feminino brasileiro.
- Simone Tebet – Será ministra do Planejamento. Tebet disputou a Presidência da República pelo MDB neste ano e foi a 3ª candidata mais votada no 1º turno, com 4,16% (4.915.423) dos votos válidos. 3 dias depois da eleição, declarou apoio a Lula no 2º turno contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). A senadora tornou-se um dos principais cabos eleitorais do petista nesta fase da campanha e sua aderência foi avaliada como fundamental para a vitória de Lula.
- Marina Silva – Será ministra do Meio Ambiente. Ela já ocupou o cargo entre 2003 e 2008, nos 2 primeiros governos do petista. Reconhecida internacionalmente pela defesa da preservação do meio ambiente, em especial da floresta amazônica, Marina será um ativo importante no próximo governo.
- Waldez Goés – Será ministro do Desenvolvimento Regional. Góes termina o mandato como governador do Amapá em 31 de dezembro. Foi o chefe do Executivo estadual por 4 mandatos (2002, 2006, 2014 e 2018).
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Fonte: Cariri Mix